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História da Barra da Tijuca: Avenidas das Américas

Conheça a Incrível História da Barra da Tijuca

Conheça a incrível história do bairro “nota 10” do Rio de Janeiro e que já foi considerado o “Sertão Carioca”…

Atualizado em março 11th, 2023 at 02:37 pm

Barra da Tijuca, antes e depois: Conheça a história do bairro do Rio de Janeiro que já foi considerado o “Sertão Carioca”

Considerado hoje um dos lugares mais modernos e bonitos do mundo, o bairro da Barra da Tijuca era originalmente um imenso areal com vegetação típica de restinga, você sabia? Como relatado no documentário “A Cidade Cresce para a Barra” (1970), era só paisagem…

Oui, eles foram os primeiros cariocas

Imagine um grande paraíso habitado só por indígenas e onde 3 grandes penhascos se destacavam: a Pedra da Gávea, o Pão de Açúcar e o Corcovado. Foi nesse cenário que surgiram, no século XVI, os primeiros cariocas; os protestantes franceses que aqui se estabeleceram antes dos católicos portugueses e promoveram uma aliança estratégica com os tupinambás, indígenas semi-nômades, canibais e guerreiros, que atacavam constantemente seus rivais tupiniquins (estes aliaram-se aos lusitanos) para fins antropofágicos, principalmente.

Breve história do Rio de Janeiro

Para entender melhor a história da Barra da Tijuca é necessário retroceder até o século XVI: após expulsarem os franceses “definitivamente” (eles voltariam a atacar no século XVII), o governador Mem de Sá e seu sobrinho Estácio de Sá receberam da Coroa Portuguesa imensos lotes de terras como premiação. Estácio, heroico fundador da cidade do Rio de Janeiro, acabaria morrendo agonizante por conta de uma flecha envenenada que o feriu na luta contra as tropas da França e seus aliados nativos. Mais adiante, no século XVII, seus herdeiros doaram a Barra da Tijuca e outras terras para os religiosos do Mosteiro de São Bento.

“Para entendermos mais corretamente a história da Barra da Tijuca, precisamos contextualizar, compreendendo como aconteceu a urbanização da cidade”

De fato, o clero católico teve papel primordial na urbanização da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, gerindo hortas, pomares, abrigos, hospitais etc. Desde o início, portanto, zelando de forma relevante pela população local. Sendo assim, no século XVI, os colonos portugueses começaram a urbanização efetiva do Rio de Janeiro a partir do quadrilátero geográfico formado a por 4 morros onde se baseavam 4 missões católicas: jesuítas (Castelo), beneditinos (próxima à Ilha das Cobras), franciscanos (Catumbi) e carmelitas (Santa Teresa).

A partir de então, houve expansão na direção Noroeste desse quadrilátero, para Campo de Santana, Caju e Catete. Mais à frente, a urbanização chegou à encosta de Santa Teresa e à Glória. No início do século XIX, ocasionado pelo período do Brasil Império, os bairros de Botafogo e São Cristovão tiveram povoamento. Logo após, a urbanização seguiu rumo ao Oeste até a Lagoa Rodrigo de Freitas, bem como até os postos avançados de Jacarepaguá e Santa Cruz.

Com o fim do regime monárquico e a proclamação da República, ainda no fim do século XIX, inicia-se a abertura de túneis, algo que impactaria imensamente a feição da cidade: Túnel da Rua Alice (1887), Túnel Velho (1892), Túnel Major Rubens Vaz (1963), Túnel Santa Bárbara (1964), Túnel Rebouças (1967), Zuzu Angel (1971), Túnel do Joá (1971), Túnel São Conrado(1971) e Túnel acústico da PUC (1982), entre outros, transformariam definitivamente o perfil do Rio de Janeiro.

O crescimento não planejado da cidade

Analisando o passado, vemos que o Rio de Janeiro cresceu e segue crescendo de Leste para Oeste. Também percebe-se que a Barra iniciou sua urbanização tardiamente em comparação com bairros do Centro, da Zona Sul e da Zona Norte. Pode-se afirmar que o crescimento da cidade foi influenciado por fatores políticos, religiosos, colonialistas e até militares, portanto, foi uma evolução bem fluida, praticamente orgânica, quase espontânea e não planejada.

Essa evolução orgânica acabou refletindo no arquitetura e no urbanismo da Cidade Maravilhosa e impactando fortemente a cultura e o estilo de vida dos cariocas. Contudo, a história da Barra difere muito do histórico do Rio de Janeiro acima citado brevemente, uma vez que o bairro foi urbanizado de forma planificada; para tanto, foi encarregado o renomado arquiteto modernista Lúcio Costa, um dos idealizadores da cidade planificada de Brasília.

O crescimento planejado da Barra da Tijuca

Ainda hoje, gera muito pano pra manga o debate sobre o caminho que deveria ter sido tomado para a urbanização do bairro com a maior praia do Estado e que certamente passaria a ser tão ou mais valorizado que os bairros litorâneos da badalada, mas já em processo de saturação, Zona Sul. Mas, se hoje parece ser fácil apontar os defeitos, na época usou-se a melhor metodologia que havia para a ousada tarefa de continuar a expandir inteligentemente a cidade para Oeste.

Inspirado nas ideias do mundialmente famoso arquiteto franco-suíço Le Corbusier, o então moderno e futurista Plano Lúcio Costa consistia em núcleos distanciados por 1 km com torres de 25 a 30 andares e pequenos comércios térreos circundados por lotes espaçados destinados a mansões, na áreas próximas a onde são hoje as avenidas das Américas e Lúcio Costa (mais valorizadas), enquanto que haveriam edifícios simples com andares limitados em 8 ou 10 pavimentos apenas, nas aéreas mais distantes do oceano (menos valorizadas).

No entanto, o zoneamento que marcou a história da Barra da Tijuca viria a ser criticado nos anos subsequentes pois aumentou as distâncias a serem percorridas num bairro tão grande e, além disso, a restrição ao tamanho dos prédios impediu uma maior oferta para uma grade demanda, causando grande aumento nos preços dos imóveis. Até hoje muitos urbanistas discordam do Plano, pois, comparativamente, bairros como Copacabana, Ipanema, Botafogo, Centro eTijuca, por exemplo, são bem mais caminháveis, enquanto a Barra tem seu ponto fraco nas longas distâncias a serem percorridas internamente por moradores e visitantes.

Barra da Tijuca, antes e depois: o início da urbanização da Barra da Tijuca

Pois é, antes da Barra da Tijuca se tornar um dos melhores e mais bonitos bairros do mundo, muita coisa mudou, você sabia?

Em 1900, parte da região doada aos beneditinos, em Jacarepaguá, foi vendida para a Empresa Saneadora Territorial e Agrícola S.A. (ESTA), ainda hoje grande proprietária de terras na área. A concentração de grandes extensões de terras em mãos de poucos foi uma das causas do crescimento tardio da área, além da dificuldade de acesso, por estar separada do restante do município por grandes cadeias montanhosas. Nesta época, devido a essa dificuldade de acesso, a região era frequentada apenas por pescadores que insistiam em desbravar a área.

“O grande marco da história da Barra da Tijuca foi com o urbanista Lúcio Costa, que contratado pelo então governador do Estado da Guanabara, Negrão Lima, para fazer um projeto urbanístico e estratégico para a região”

Porém, o grande marco da história da Barra da Tijuca surgiu com o urbanista Lúcio Costa, que foi contratado pelo então governador do Estado da Guanabara, Negrão Lima, para fazer um projeto urbanístico e estratégico para a região: O Plano Piloto da Barra da Tijuca, de 1969, similar ao Plano de Brasília, de inspiração no urbanismo racionalista, com grandes avenidas e grandes espaços abertos, marcou definitivamente o início do estilo de vida peculiar do futuro morador.

Um bairro enorme, incompleto, muito longe do Centro da Cidade, com transporte público insuficiente e, ainda por cima, sem as esquinas e os simpáticos botequins da Zona Sul, Zona Norte e Centro; assim foram os nada glamourosos primeiros anos urbanizados da história Barra da Tijuca, que teve iniciada timidamente seu desenvolvimento urbano, durante as décadas de 60 e 70, pelas regiões ou sub-bairros do Jardim Oceânico e da Barrinha.

O início dos anos 80 marcou fortemente a história da Barra da Tijuca. O bairro passou por uma efervescência, principalmente depois da inauguração da Autoestrada Lagoa-Barra (Autoestrada Engenheiro Fernando Mac Dowell), que reduziu muito o tempo de transporte para a Zona Sul. Por essa mesma época, consolidaram-se grandes condomínios fechados, inspirados num então novo modelo de vida, com destaque para o Nova Ipanema e o Novo Leblon; de cerca de 20 mil moradores, antes da Lagoa-Barra, a Barra passaria a ter os atuais cerca de 400 mil habitantes.

Foi no início da década de 80 que a inauguração do BarraShopping marcou uma virada, e a Barra da Tijuca viveu uma explosão demográfica, com as avenidas ganhando sinais e sendo duplicadas e suas margens ocupadas por condomínios residenciais, parques, supermercados, escolas, hospitais etc. Nessa, época houve um movimento de emancipação da região da Barra tendo a maioria dos eleitores votado pela separação, mas o resultado do plebiscito não foi suficiente para implementá-la, ficando aquém do mínimo exigido por lei.

Metrô, BRT e Linha Amarela melhoraram o transporte

A inauguração da Linha Amarela (Avenida Carlos Lacerda), nos anos 90, ajudou os moradores da Barra, passando a ligar diretamente a Baixada de Jacarepaguá com a Ilha do Fundão, sem a antiga necessidade de passar pelas engarrafadas ruas da Zona Sul. O que pouca gente sabe é que ela integra um inteligente plano de urbanismo criado na década de 60 pelo ex-governador Carlos Lacerda, chamado Plano Doxiadis, que previa a construção de 6 linhas (sem previsão de pedágio urbano): Amarela, Vermelha, Verde, Azul, Marrom e Lilás (apenas as 2 primeiras saíram do papel; a Linha Azul acabou se transmutando na TransOlímpica e na TransCarioca).

“O que pouca gente sabe é que a Linha Amarela integra um inteligente plano de urbanismo criado na década de 60 pelo ex-governador Carlos Lacerda, que previa a construção de 6 linhas”

O antigo problema do transporte público no bairro foi enormemente minimizado após as realizações da Copa do Mundo do Brasil e das Olimpíadas do Rio, como as construções das citadas TransOlímpica e TransCarioca, além da TransOeste, impactando novamente e de modo irreversível a história da Barra. Houve aumento das linhas de vans, ônibus convencionais e foi implantado o BRT, ônibus com ar condicionado que utiliza faixa exclusiva e que conta com algumas linhas expressas. Mas a melhor benfeitoria veio com a inauguração da estação Jardim Oceânico do metrô, que incrementou a integração com outros bairros.

Hoje em dia, o bairro Barra da Tijuca também conta com muitos pontos de taxis, cuja oferta de serviços tem aumentado sensivelmente nas últimas décadas. Assim, embora não seja comum encontrar taxis vazios circulando pelo bairro e procurando passageiros, como comumente acontece na Zona Sul, na Zona Norte e no Centro, é facílimo telefonar ou mandar mensagem para um ponto de taxi e pedir um (uma realidade que contrasta com a recente história da Barra da Tijuca).

Como visto, mesmo tendo sido feito um rigoroso planejamento para a urbanização do hoje cobiçado bairro do Rio de janeiro, nem tudo pôde ser previsto, já que muitas variáveis que não estavam no papel puderam acontecer na vida real (até questões políticas e econômicas). Do mesmo modo, o avanço tecnológico propiciou a utilização de novos meios de transporte público por aplicativos, minimizando muito a antes problemática questão das grandes distâncias.

A Barra da Tijuca é economicamente uma das regiões mais expressivas da cidade do Rio de Janeiro e uma das que mais crescem. Grandes empresas migraram para a Barra da Tijuca em decorrência do boom da construção civil e da oferta de espaços e novos empreendimentos empresariais. Entre elas: Shell Brasil, Esso Brasil, Vale do Rio Doce, Vivo, Michelin, Nokia, PwC, Tim e Unimed, além de grandes empresas de comunicação, agências de publicidade etc.

Região Administrativa da Barra da Tijuca

É importante não confundir o bairro da Barra da Tijuca e a região de mesmo nome. A Região Administrativa da Barra da Tijuca compreende o bairro homônimo e 7 outros bairros: Itanhangá, Recreio dos Bandeirantes, Joá, Grumari, Vargem Grande, Vargem Pequena e Camorim.

A história da Barra da Tijuca
A interessante história da Barra da Tijuca

Vale a pena conhecer a Barra da Tijuca

A Barra da Tijuca tem um dos mais altos índices de desenvolvimento humano (IDH) da Cidade Maravilhosa (0,959), o que a credencia para futuros moradores, mas não só. Alguns dos melhores shopping centers, cinemas e restaurantes do Brasil estão no bairro.

Agora que você já conheceu bastante da história da Barra da Tijuca e sabe também que se trata de uma das regiões que mais atrai turistas de todo o mundo (por suas belezas naturais misturadas com o que de mais moderno existe em grandes centros urbanos), já percebeu que é um lugar especial que vale muitíssimo a pena conhecer!

Foto: https://www.instagram.com/eolopes/

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