Um estudo europeu apontou que, após de parar de ingerir esteróides comumente prescritos para a asma e as alergias, um número significativo passou a experimentar sinais de mau funcionamento das glândulas supra-renais.
A chamada insuficiência adrenal pode ser perigosa, especialmente se o corpo da pessoa tem de lidar com estresse, cirurgia, lesão ou doença grave, dizem os autores.
“A mensagem passada pelo estudo é que no uso de corticosteróides existe um risco substancial de insuficiência adrenal,” diz o chefe da pesquisa Dr. Olaf Dekkers, endocrinologista da Universidade de Aarhus, na Dinamarca. “Os pacientes devem estar cientes deste risco e informados sobre os sintomas potenciais.”
Esses sintomas podem incluir fadiga, tonturas, perda de peso e o desejo por sal, escreveram os autores no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism.
Os corticosteróides são medicamentos manufaturados concebidos para imitar o hormônio cortisol, que as glândulas adrenais produzem naturalmente. As drogas são normalmente utilizadas para combater inflamações numa ampla gama de condições, incluindo asma, psoríase, artrite reumatóide, lúpus, cancros do sangue e transplantes de órgãos.
Pessoas com insuficiência adrenal não produzem suficientemente dois hormônios, o cortisol e a aldosterona. O cortisol ajuda o corpo a responder ao estresse, recuperar de infecções e regular a pressão sanguínea e do metabolismo. A aldosterona ajuda a manter as quantidades corretas de sal, potássio e água no corpo.
Durante o período de tratamento com esteróides, o corpo frequentemente produz menos desses hormônios naturalmente e, quando o tratamento cessa, pode levar um tempo para que a produção natural volte aos níveis normais. O resultado é a insuficiência supra-renal, a qual pode ser tratada com medicação para substituir o cortisol ou aldosterona .
Dekkers e seus colegas analisaram 74 artigos de pesquisa publicados de 1975 a 2014, abrangendo um total de 3.753 participantes no estudo, para ver como diferentes doses e tipos de tratamento com corticosteróides podem afetar a probabilidade de desenvolver insuficiência adrenal após o tratamento.
Os pesquisadores descobriram que o risco de insuficiência adrenal foi maior quando os corticosteróides foram tomados por via oral ou injetável, sendo menor o risco quando houve inalações, tratamento tópico ou nasal.
Quando observaram apenas pacientes que usaram esteróides contra a asma, os pesquisadores descobriram que o risco de insuficiência adrenal foi de cerca de 7% com corticosteróides inalados, mas cerca de 44% com outras formulações, incluindo medicação oral.
Apenas cerca de 2% dos pacientes com asma que utilizaram a menor dose de esteróides experimentaram insuficiência adrenal, em comparação com cerca de 22% que utilizaram doses mais elevadas.
Do mesmo modo, pouco mais de 1% das pessoas com asma que fez tratamento de curta duração desenvolveu insuficiência adrenal, em comparação com cerca de 27% que desenvolveram o problema após tratamentos de longa duração.
De acordo com o Dr Dekkers, não há nenhuma maneira de suspender com segurança o tratamento com corticosteróides sem se descartar a possibilidade de insuficiência adrenal.
O efeito colateral é mais provável quando os pacientes tomam altas doses de esteróides ou permanecem em tratamento por mais de três semanas, disse o Dr. Roberto Salvatori, diretor médico do Centro da Hipófise no Johns Hopkins Hospital, em Baltimore.
“É mais provável, e é muitas vezes esquecido, porque na maioria das vezes as pessoas que prescrevem corticóides não são endocrinologistas, pois eles estão em outras especialidades e não reconhecem os sintomas de insuficiência adrenal”, disse o Dr. Salvatori, que não participou da pesquisa.
Ele dá a seus pacientes medicados com corticosteróides pulseiras de identificação médica ou colares, para que possam ser identificadas como em risco de insuficiência adrenal numa emergência. “Esta é uma questão muito importante que não está na tela do radar”, disse ele.
Para ter certeza, mais médicos estão cientes do risco agora do que na década de 1970, e as doses padrão e durações de tratamento com corticosteróides foram reduzidos em parte devido a este risco, disse o Dr. Douglas Coursin, professor da University of Wisconsin School of Medicine and Public Health, em Madison. Ele também recomenda braceletes de alerta para pacientes em tratamentos de longo prazo ou tratamentos com altas doses.
“No passado, pacientes com asma, com certas doenças do sistema imunológico, que fizeram algumas terapias contra o câncer e aqueles que tiveram um órgão sólido transplantado receberam doses mais elevadas por longos períodos de tempo”, afirmou o Dr. Coursin, que não participou desse estudo. “No geral, eu acho que o risco pode ser menor do que descrito no estudo por causa da modernização dos procedimentos”.
Fonte: foxnews.com