Atualizado em agosto 27th, 2023 at 03:25 pm
Empreender no Brasil ainda é desafiador, mas certamente possível; eis algumas orientações para o jovem empreendedor
Qual é a idade ideal para iniciar uma jornada empreendedora? A maturidade surge como medida, mas essa perspectiva varia consideravelmente. Dessa maneira, é difícil definir um momento preciso para adentrar nesse universo em constante evolução.
Uma boa sugestão é que o empreendedorismo seja abraçado quando se possui um entendimento substancial do mercado, aliado à habilidade de tomar decisões objetivas e racionais. O empreendedor jovem e comprometido é aquele que demonstra uma ânsia contínua por aprendizado, bem como uma resistência e uma essência voltadas para o sucesso. Esses elementos fundamentais constituem a base indispensável para quem busca prosperar, especialmente quando confrontado com cenários desafiadores.
Cinco dicas relevantes para quem está começando na jornada do empreendedorismo:
1- Cuidado com a falta de construção da marca – Existe a percepção de que estabelecer uma marca sólida é um processo excessivamente intricado, já que a estratégia demanda uma estrutura bem definida. A marca opera como um atalho para o consumidor e representa o ativo mais valioso de qualquer empresa de longa duração.
2- Glamour – Muitos aspirantes a inovadores acreditam erroneamente que uma simples ideia é suficiente para estabelecer uma empresa. No entanto, esse é outro equívoco significativo. É crucial mergulhar no trabalho prático, assumir a liderança do empreendimento e enfrentar os desafios de frente. O esforço exigido em uma startup é comparável ao de qualquer outra empresa, exigindo um comprometimento total. Estar disposto a agir incansavelmente é de extrema importância. Além disso, é necessário deixar de lado os egos. Conflitos entre os fundadores são uma ocorrência comum. Portanto, a seleção do parceiro adequado – alguém com metas similares – desempenha um papel fundamental. Depois que a “parceria” é formada, a separação entre sócios apenas resulta em complicações.
3- Momento errado para lançar – É fundamental que o empreendedor seja capaz de identificar o momento preciso para introduzir sua marca e produto no mercado. Mesmo que a ideia seja promissora e os recursos financeiros estejam disponíveis, é crucial não deixar escapar a oportunidade de ingressar no cenário comercial. Em situações de turbulência – como uma economia nacional em declínio –, surge a dúvida: é mais sensato esperar ou explorar essa situação a seu favor?
4- Desconhecimento do mercado –Tornou-se uma espécie de “lema” no campo do marketing a importância de prever as necessidades dos consumidores. No entanto, isso se revela uma tarefa desafiadora devido à falta de conhecimento do mercado. É somente por meio de uma análise minuciosa da área na qual a startup está entrando que é possível compreender as futuras demandas do consumidor. Esses estudos precisam ser abrangentes e aprofundados.
5- Falta de público-alvo – É necessário fazer a escolha do público-alvo, examinar suas particularidades e compreendê-lo em profundidade. Ao ter esse perfil bem definido, o empreendedor não só terá clareza sobre com quem está se comunicando, mas também como abordar essa audiência, o que comunicar e por meio de quais ferramentas. Em muitos casos, uma startup origina-se a partir de uma ideia, e o idealizador pode não estar inicialmente preocupado com a definição do público. No entanto, é crucial direcionar o foco para grupos específicos.
Os desafios do jovem empreendedor no Brasil
Os pilares essenciais para a viabilidade de qualquer empreendimento compreendem: rentabilidade, confiança do cliente, expansão e gestão de riscos. Comprometer as associações positivas de uma marca é um ato prejudicial à sua própria existência. No cenário atual, é irracional e arriscado para as marcas recorrerem à desinformação com seus clientes.
Mais do que uma época de desafios, enxergar a conjuntura econômica atual como uma oportunidade implica em adotar uma perspectiva realista, porém positiva.
Em linhas gerais, o setor de beleza não sofre grande impacto das incertezas econômicas, uma vez que seus produtos são menos duráveis, o que incentiva a constante reposição por parte dos consumidores, conferindo contínuo vigor à indústria.
Em virtude de fatores estruturais, o setor de saúde também ostenta perspectivas promissoras de crescimento a longo prazo. O envelhecimento da população amplia a demanda por esse tipo de serviço.
Na mesma linha, o âmbito educacional demonstra notável resiliência. Esse segmento atrai investimentos, pois demanda um aporte inicial geralmente mais baixo quando comparado a setores como a construção civil.
Adicionalmente, em uma era de economia colaborativa, os empreendedores de sucesso serão aqueles criativos que desenvolverem produtos e serviços passíveis de compartilhamento, que apresentem durabilidade e que se beneficiem do apoio das comunidades digitais.
Vale a pena destacar que o novo consumidor já não se preocupa tanto em possuir bens, mas sim em ter acesso a eles. Essa tendência veio para ficar, particularmente porque é influenciada por três forças substanciais: aspectos sociais (como o aumento do compartilhamento entre pessoas), econômicos (devido à escassez de recursos) e tecnológicos (como a ascensão de uma geração que cresceu com a internet e se conecta em uma escala muito mais ampla do que antes).
Empreender no Brasil é desafiador, mas certamente possível. Concentre-se em oportunidades ao invés de retrocessos.
*Gabriel Rossi é Diretor da Gabriel Rossi Consultoria de Marketing e Professor da ESPM